O consórcio formado pelas empresas Petrobras, Shell, Total, CNPC e CNOOC arrematou o campo de Libra e foi o vencedor do primeiro leilão do pré-sal sob o regime de partilha – em que parte do petróleo extraído fica com a União. Único a apresentar proposta, contrariando previsões do governo, o consórcio ofereceu repassar à União 41,65% do excedente em óleo extraído do campo – percentual mínimo fixado pelo governo no edital.
“Já era esperado que teria só um consórcio e que a Petrobras entraria. Eu acho que a única surpresa é a Shell e a Total terem entrado, porque num primeiro momento as pessoas achavam que elas não entrariam”, disse ao G1 o ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP) David Zylbersztajn.
“É um modelo que nunca vai permitir competição. O fato de ter sido ofertado o mínimo [de 41,65% do óleo produzido] também não é surpresa, porque o modelo não ocorre a competição e vai dar sempre o mínimo desse jeito.”
O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, também disse, em entrevista à Globonews, ter ficado surpreso com a entrada das duas empresas no consórcio. Ele também avaliou que o fato de ter apenas uma proposta é ruim para o Brasil.
"Era esperado o passe mínimo. Quando não tem concorrente, você dá uma oferta mínima, porque teria a certeza que não haveria concorrente, o que é ruim para o país. Se tivesse concorrente, teria um excedente para a união maior do que 41,65%."
"Já estava na expectativa de ser um único consórcio e por isso já se sabia de antemão que iria se oferecer o mínimo estabelecido pelo governo", avaliou Zylbersztajn.
"O interessante é que a Petrobras tem 40% ,ela ficou com a maior parcela do consórcio", avaliou Pires. O que significa que a estatal brasileira terá que colocar 40% dos R$ 15 bilhões do bônus do campo de Libra, pago na assinatura do contrato, fixado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Participação de estatais
Zylbersztajn ressaltou, ainda, o fato de 70% do consórcio estar nas mãos de estatais, isso porque a Petrobras tem parcela de 40%, as duas chinesas (CNPC e CNOOC) ficam com 20% (10% cada). Apenas o restante, os 40% da Shell (20%) e da Total (20%) está na mão de empresas privadas.
No total, 11 empresas foram habilitadas para participar da rodada. Entretanto, na manhã desta segunda, poucas horas antes da sessão, a espanhola Repsol, uma das maiores empresas do setor de petróleo no mundo, anunciou que, apesar de habilitada, não faria oferta por Libra.
A previsão inicial da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíves (ANP) era que até 40 empresas poderiam participar do leilão de Libra – gigantes do setor como as norte-americanas Exxon Mobil e Chevron e as britânicas BP e BG nem chegaram a se inscrever.
No dia 10 de outubro, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que esperava entre dois e quatro consórcios na disputa, envolvendo as 11 empresas habilitadas.
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